9:02:00 AM

“Bêdo”*

Postado por Meg |

Interessante como às vezes a gente tem medo de algumas coisas na vida. Tem gente que vive com medo de tudo, gente que jura não ter medo nenhum, mas todos nós, em algum momento de nossas vidas fomos surpreendidos pelo medo e também pela coragem.

Acredito que todos tenhamos a mesma dosagem de medo e coragem dentro de nós. Mas cada um é que escolhe a medida certa para tocar a vida. Durante muito tempo, meu maior medo foi o de dormir sozinha. Eu tremia. Chorava. Ficava apavorada. Nunca acreditei em lobisomem ou monstros atrás do armário. No entanto, tinha um medo inexplicável de dormir só. Isso foi passando aos poucos...e quando menos percebi, estava em meu quarto sozinha com minha cama e meus sonhos ou pesadelos, mas só. Passou.
Hoje ainda tenho muitos medos. Tantos! E cada um eu enfrento de uma forma. O maior medo que eu tenho é de mim mesma. Sei que a força para enfrentar todos eles está dentro de mim, mas às vezes tenho medo de me entregar e não conseguir superá-los. Hoje eu não tremo mais. Confesso que às vezes choro e fico apavorada. Mas a diferença é que hoje eu sei exatamente o que causa o meu medo.
A essa altura do texto, já me perdi toda (rs). Mas o que quero falar é que acredito também que tudo na vida depende das chances que a gente se dá. Depende da vontade que a gente tem de acreditar em nossa capacidade. A gente supera tudo. A gente pode rir de tudo algum dia. Ou até mesmo chorar. Basta que a gente enfrente o medo. Basta que a gente tenha coragem. E todo mundo tem isso dentro de si, mesmo que esteja escondido em algum lugar.
*Bêdo é como meu sobrinho Arthur, de dois anos, chama o medo. Tão bonitinho...rsrs.

7:32:00 PM

Metade Verdade

Postado por Meg |

Quando ela se olhou no espelho e viu as lágrimas da confiança que se foi...chorou ainda mais...via em seu rosto o retrato do desespero de alguém que sabe que está perdendo...que está sendo derrotado pelo seu maior inimigo...

O nariz e as maçãs do rosto em tom de vermelho a denunciavam aos amigos mais íntimos...a denunciavam ao amor que a conhecia em seu mais profundo abismo...mas não queria revelar seu segredo a ninguém...não queria que os outros- sempre os outros- descobrissem que ela havia se deixado enfraquecer e estava de pés amarrados sentada no banco dos que esqueceram de si.
Ela tinha tudo para ser uma mulher de sucesso, tinha o talento e a dor, o talento e o amor, o talento e a inteligência...tinha o dom de carregar a paz em seu semblante. Ora, mas como ela e seus cabelos claros como a neve se permitiu o semblante dos fracassados?
Ela não sabia responder. Ela não sabia mais nada. O sono vinha com o amanhecer. O sono de olhos abertos. O mundo vazio. A tinta fresca. O mundo de faz de conta. O sorriso em tom bege pálido. As perdas. As inquietações. O medo do escuro...o medo da força interior...o maior dos medos. O medo dela mesma.
Ela tema inda uma lembrança remota do tempo em que foi feliz. Em que teve um sorriso discreto, mas sincero o suficiente para chamar de seu. Agora aquele sorriso não era dela. Seu sorriso era o reflexo de suas mentiras.
Ela se esqueceu.
Ela se perdeu.
Foi orgulhosa demais para pedir ajuda.
Uma perda súbita.
Uma dor doída.
Toda uma vida.
Jogada fora.
Mas lá fora...sentada em uma esteira e sob a luz da lua... alguém ouviu seu coração. E agora ela tenta caminhar...